Aristides Sousa Mendes

“Schindler de Portugal”


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“Prefiro ficar com Deus contra o homem do que com o homem contra Deus”.

A vida de Aristides de Sousa Mendes: um exemplo para todos nós.

O secretário-geral António Guterres anunciou na sexta-feira, 19 de Julho (dia de seu aniversário), a abertura de um novo museu no centro de Portugal, o qual homenageia a vida extraordinária de um homem que demonstrou “imensa bravura”, ajudando milhares de refugiados a escapar do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

“Aristides de Sousa Mendes foi um farol de coragem, compaixão e convicção em um mundo de total colapso moral” (disse Guterres em uma mensagem de vídeo para inaugurar o Museu Aristides de Sousa Mendes na cidade de Carregal do Sal);

Aristides de Sousa Mendes foi um diplomata português baseado em Bordéus, França, que desafiou as ordens do seu próprio governo, ao tempo do ditador Salazar, para carimbar passaportes e vistos que permitiram que milhares de pessoas pudessem fugir para Portugal, especialmente, judeus que eram perseguidos pelos nazistas

Naquele tempo, em 1940, um visto português permitiu àqueles milhares de refugiados uma passagem segura pela Espanha, que era oficialmente neutra na 2ª Guerra Mundial que se iniciava. No entanto, havia uma infame diretiva portuguesa, a “Circular 14”, pela qual Salazar instruiu os diplomatas a negar refúgio seguro a refugiados, explicitamente judeus, russos e outros apátridas que não pudessem voltar para casa. Naquela ocasião, tal determinação equivaleria a expor mulheres, crianças, idosos e homens inofensivos a uma morte inclemente!

Quando os nazistas se aproximaram rapidamente do consulado de Bordeaux, onde Mendes estava trabalhando, ele enfrentou uma escolha difícil entre seguir ordens ou salvar vidas. Ele escolheu o último, declarando: “Prefiro ficar com Deus contra o homem do que com o homem contra Deus”.

E Mendes fez com que incontáveis vidas fossem salvas e vividas!

Trabalhando dia e noite, Mendes estabeleceu um sistema rápido para carimbar e assinar passaportes e emitir milhares de vistos salva-vidas em Junho de 1940.

“Seu legado é vidas salvas e vidas vividas – incluindo uma jovem que, anos depois, se tornaria a mãe do meu próprio porta-voz nas Nações Unidas”, disse o chefe da ONU, que serviu como primeiro-ministro de Portugal entre 1995 e 2002.

Mendes foi forçado a pagar por seu heroísmo. O ditador português António de Oliveira Salazar – que governou o país durante quarenta anos até 1968 – expulsou-o do corpo diplomático sem qualquer pensão, deixando-o a morrer na pobreza.

Felizmente, nas décadas seguintes, a magnitude e a bravura de suas ações foram gradualmente reconhecidas, disse o secretário-geral da ONU.

“Este museu – em sua casa ancestral – é uma parte crítica desses esforços”, enfatizou Guterres.

A memória de Mendes com a inauguração do museu ocorre em um “momento vital”, já que o número de pessoas forçadas a fugir de suas casas atingiu um recorde e “o ódio e a intolerância são abundantes”, observou Guterres.

O diplomata Aristides salvou 34 mil pessoas entre judeus e outros perseguidos do regime nazista com a emissão de seus vistos.

Em 2021, quando Portugal homenageava o diplomata no Panteão Nacional, 67 anos após a sua morte, o Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa declarou:

“Portugal se inclina diante de sua personalidade moral”.

A família de Aristides preferiu que seus restos mortais continuassem onde estão, na cripta da família, em Cabanas do Viriato, região Central de Portugal.

Sousa Mendes, que caiu em desgraça em seus país, foi destituído de suas funções após um julgamento do regime de Salazar e viveu na miséria até sua morte, em um hospital de Lisboa, em 1954, com 69 anos.

Porém, as autoridades portuguesas reabilitaram Mendes. Ele foi condecorado com a Cruz do Mérito em 1986 e, mesmo que a título póstumo, reincorporado à carreira diplomática de onde foi, enquanto vivo, injustamente expulso.

Sousa Mendes (dir.) posa ao lado do rabino Chaim Kruger quem ajudou na retirada de refugiados judeus em Bordeaux — Foto: Fundação Sousa Mendes (fonte: Globo)

Coincidências

Aristes Sousa Mendes nasceu em 19 de Julho (de 1885). Em 29 de Julho (1905) é quando nasceu também o luminar da diplomacia e da paz mundial, Dag Hammarskjöld, a quem dedicamos nossa advocacia de direito internacional. Foi também em 29 de Julho que se instalava a Primeira Conferência de Paz do Mundo, em 1899. O Estatuto de Roma, que cria a Corte Internacional Penal, encarregada do julgamento dos mais graves crimes contra a humanidade, é de 17 de Julho, o qual é consagrado também à Justiça Penal Internacional. Embora não ligado ao Direito Internacional, mas à paz mundial, em 20 de Julho (1873) nasceu Santos-Dumont. A propósito, Julho é o mês “trágico” para acidentes aeronáuticos em todo o mundo. Há alguns anos, a autoridade norte-americana de aviação civil estudou esse fato e não chegou a nenhuma conclusão. Dag morreu em um acidente aeronáutico cujas causas até hoje são consideradas obscuras.


Fontes:

https://news.un.org/en/story/2024/07/1152291

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/10/19/quem-foi-o-diplomata-que-ficou-conhecido-como-schindler-de-portugal-por-salvar-milhares-de-judeus-do-holocausto.ghtml

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